sexta-feira, 14 de abril de 2017

Edição do dia 11/04/2017 , retirada do link: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/04/sergio-cortes-da-fama-de-gestor-implacavel-prisao-na-lava-jato.html

11/04/2017 21h32 - Atualizado em 11/04/2017 21h32
 

Sérgio Côrtes: da fama de gestor implacável à prisão na Lava Jato

Criador das UPAs, chegou a ser cotado par ser ministro.
Côrtes foi secretário de Saúde no governo de Sérgio Cabral.

O ex-secretário Sérgio Côrtes, que foi preso nesta terça-feira (11), se apresentava como um administrador preocupado com o dinheiro público.

“O meu sonho é que R$ 1 da saúde valha realmente R$ 1. É o que nós estamos tentando dentro do instituto", disse o então diretor do Into, Sérgio Côrtes, em 2004.

Sérgio Luiz Côrtes da Silveira ganhou fama de “gestor implacável” na direção do Into, um centro federal de referência no tratamento ortopédico. Ele diz sofrer ameaças de morte por combater os desvios dentro do instituto. Quando Sérgio Cabral assumiu o governo, levou Sérgio Côrtes para ser o secretário de Saúde.

“Tô muito satisfeito, muito tranquilo em deixar essa pasta nas mãos desse médico intolerante com a incompetência, inimigo da corrupção”, disse o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, em 2006.

Aparentemente, alguém que zelava pelo dinheiro público, mas a prisão de Sérgio Côrtes revela uma suspeita antiga: a de que a principal missão desse medico não era a saúde dos pacientes. Ele já estava na mira dos investigadores.

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União já investigaram superfaturamento em contratos do Into quando Sérgio Côrtes era diretor. Ele não foi condenado.

Uma foto de 2009 mostra o ex-secretário num restaurante em Paris, em um jantar em homenagem a Sérgio Cabral. O encontro conhecido como a ‘farra dos guardanapos’. Em 2010, o Ministério Público do Rio investigou contratos da Secretaria Estadual de Saúde. Sérgio Côrtes decidiu exonerar o subsecretario executivo César Romero Vianna Júnior.

César Romero fez a delação premiada que ajudou a prender o ex-chefe. O delator também gravou conversas com Sérgio Côrtes sobre o esquema de propina. Numa delas o ex-secretário tenta combinar o que os dois poderiam falar à Justiça.

Sérgio Côrtes: Essas duas semanas aí o próprio Marco Antônio (filho de Sérgio Cabral): ‘César, tá delatando... Você tá sabendo disso, né?”. Eu falei: ‘Tô, tá. Todo mundo já falou, César tá delatando’.

César Romero: Eu não tô delatando.

Sérgio Côrtes: Peraí, César. Você estava fazendo. O ideal é que pelo menos a gente tenha alguma coisa parecida, porque se falar A, B, C, D e eu falar de C, D, F, G, F, porque A e B eu não falei, e F e G ele não falou, acho que em uma delação tem que jogar a... toda no ventilador, porque se você ficar selecionando como Júnior me disse, que você ia...

Sérgio Côrtes: Não, eu pretendo colocar mais coisas.

César Romero: Quatro fatos. Oi, não sei o quê...

Sérgio Côrtes: Ok, tudo bem, botar no Into. O Cláudio (Cláudio Vianna, irmão de Cesar) vai te pagar.

César Romero: Meu filho, não tem como. Você acha que os procuradores vão achar que você fez o que fez na Secretaria e não fez nada no Into? Você não pode ser infantil, Sérgio.
Cesar Romero contou que Sérgio Côrtes já esperava ser preso e retirou objetos de valor do apartamento. Disse ainda que o ortopedista teria cirurgia agendada para pedir liberdade provisória.
No passado, policiais federais acompanhavam o gestor que se dizia ameaçado por combater a corrupção. Hoje, a imagem se repetiu. Mas em vez de escolta, uma ordem de prisão.
A defesa de Sérgio Côrtes declarou que ele tem todo interesse em esclarecer os fatos. E que, no momento oportuno, provará inocência.

O advogado de Miguel Iskin disse que refuta as delações e que provará a falsidade dessas declarações no curso do processo.

A defesa de Gustavo Estellita também negou as acusações.

A assessoria da empresa Oscar Iskin disse que ainda não teve acesso à investigação, mas negou o envolvimento em práticas ilícitas.

O Into afirmou que todos os contratos passam por licitação, conforme a lei. E que vai tomar medidas cabíveis quando tiver acesso ao processo.

O Jornal Nacional não conseguiu contato com as defesas de César Romero e de Sérgio Cabral.

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